quarta-feira, 23 de março de 2011

Gênios III (Fim)


III
- Os três... - A Morte caminhou sorrateira até eles. Os olhos do professor novamente se encheram de lágrimas. Caminhou até outra dependência cuja, como num presídio, era dividida por uma janela de vidro. E falou. Cada um deles ficou de maneira estupefata, como que se a ponta de uma longa agulha os perfurasse. – Os três tiraram zero – Seria agora. Haveria algo, ele descobriria, ou não? Descobriria?
            Ficara por lá, atrás da vidraça embaçada olhando-os através.
            Nellinger não suportara o que ouviu, e viu-se que a morte lhe pôs a mão no crânio. E este, numa ira, pegara a própria caneta e perfurara os pulsos, choroso: Suicídio. A foice sangrava.
            Ed, recuara um passo para trás, e também chorava: a Morte jogou-lhe um bafo frio: - Não! Pode ser! – esbugalhara os olhos diminutos – Idiota! Burro! Burro! – gritava. Esganou o próprio pescoço. Ouvia-se os ossinhos estalando e adejando na carne da garganta. Suicídio.
            Olhando aquilo, triste também, Norse os observava. E quando viu que nenhum mais resistira voltou à sala.
            - Por que você não morreu, Nicholas? – indagou.
            - Por que eu não estudei – fez um sorriso. – Sabia que iria tirar zero, é claro, esperava isso e, bom, decidi ter pelo menos um instante de vida ao estudar, e percebi. Notei que um instante de vida, posso ver pelo sangue que nos rasteja, pode nos dar outros instantes de vida. Até mais professor Norse. Você me ensinou mais do que o estudo da vida. Me ensinou o sentido de vivê-la. Obrigado.
            E não ouviu-se mais falar da escola, ela fechou e tornou-se um museu, que, mais tarde, a Morte que ficara lá, matava quem procurava suas antiguidades. “Aquele lugar já teve vida, a minha” – estava escrita na tumba de Norse Winter.

E assim acaba esta narrativa. Espero que tenham gostado.
Se gostou, escreva um comentário aqui em baixo. Ficarei contente em saber suas opinões.

Obrigado.

4 comentários:

  1. posteridade é uma coisa esquisita e sem sentido quando se pensa bem. gostei do conto.

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  2. Acho que encontrei um problema na maneira como você escreveu.
    Caprichou no avanço da história de maneira sutil, mas, de repente, blamp! Uma canetada no pulso - e só isso... Sem o emprego da imagem de "os 'lábios pulsantes' - com perdão ao trocadilho - cuspiam uma saliva vermelha. Ele manejou a ponta dentro de sua carne, rompendo as veias e vasos e..."
    Acho que você pode descrever de maneira mais completa a agonia diante da morte. Você é um alemão! :D
    (Eu estou pedindo uma segunda edição)

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  3. Sim... vou fazer uma segunda edição. Não me contentei com esse fim também.

    Obrigado por comentar.

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