quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Blá.

    Ele cambaleou pela rua gelada, abaixo do céu estático, mal-iluminado pela lua crescente em foma de boca.  Sua roupa envelhecera cerca de trinta anos naquele estado, tornando-se trapo em seu corpo, ele prosseguindo pela calçada turva, que parecia tão macia quanto seu leito, em casa.
    -Pfff - arquejara, não conseguindo concluir o raciocínio.
    Parou um instante. A parte superior de seu corpo não respondendo à tempo continuou, ele a colocou no lugar equilibrando-se esboçando uma risada cuja pilhéia já havia esquecido, e ria disso também.
Havia em sua mente, bilhões de palavras a declarar no momento, mas simplesmente, o que quer que dissesse, diria um palavrão xingando o sistema ou a "Vadia da sua mãe", e nada lógico passaria de sua garganta, guardado no baú à chave de sua caixola, mantido lá por muito tempo.
    Seu estômago estava lisonjeado, mas pouco agradecido, resolvendo comprimir-se dando-lhe ânsia. À sua volta, as casas passando como que se fossem parte de um efeito projetado em filmes de baixa renda, em baixíssima velocidade, deixando-o com a sensação de que o mundo girava trinta vezes mais rápido. O vento frio bateu contra seu corpo cômico, desengonçado e fadigado, deixando-o com frio, passou as mãos nos braços, sempre caminhando, cãm-in-hãn-do.
    Atravessou a rua absorvendo a claridade amarela intensa do poste de luz, com as mãos nos braços, quase sendo atropelado por um civíl perdido, tocando Black Eyed Peas no seu Volkswagem rebaixado,  quase bêbado. Hesitou ao subir o meio-fio. As vibrações do som continuaram em sua mente por mais vinte metros e, sem conseguir, tentava acompanhar a letra que ia escutando cada vez menos alta e clara, ou ao menos assim era em sua mente. Dobrou a esquina sentindo um alívio nos olhos ao que o poste apagou sozinho. Olhando as reentrâncias de uma construção, lembrou-se da vez em que seu amigo comeu alguma garota não fazia muito tempo, mudou de lado da rua, como que se o chão fosse feito de areia movediça, mas fitando, imaginando a cena, despontando uma ereção nas calças invonluntária.
    Prosseguiu por mais muito tempo, o dobro para ele, até finalmente chegar em casa. Silêncio e tudo escuro. Andou tateando as paredes até seu quarto e, de súbito...