terça-feira, 1 de março de 2011

Pena.

Pert, Petrek, Pekpek, Pato e eu chegamos aqui não há muitos minutos, mas já sinto saudade e estou exausto! Ah, como me mata o vento forte frio lá de cima, a terra parece rugir como se fosse um inseto vivo. Vocês podem imaginar como o mar canta junto ao vento uma melodia única na medida em que flutuamos suspenso como o Sol em nossa comitiva. Pert está contente por conseguir peixes, ainda bem: minhas penas se soltaram e eu pareço meu avô Bicodepedra, o danado é depenado, mas ainda vive no alto dalgum lugar lá perto de casa num ninho muito quente, nem tem forças mais para viajar conosco e além de tudo estou faminto.
Para deixar os lagos do norte foi uma confusão que só! Mamãe quase não deixa Pekpek vir. Achara que seria perigoso e ele é um desastrado. Já salvei sua vida duas vezes nessa viagem, mas ele está felicíssimo brincando com as borboletas nesse momento, onde a Lua foge das montanhas perigosas como minhoca que acabou de nascer:
Abismado com a noite - há doze luas atrás, creio -, nós estávamos dilacerados por voar o dia todo então resolvemos nos abrigar na relva dum rio largo e bravo que rasgava uma cidade, mas nos mantemos distantes daqueles moradores. Pekpek, então, entusiasmado com a viagem, ficara rasante sob o rio. E juro, juro que vi patas surgirem da água para agarrar-lhe e como o bote duma cobra, saltei de meu galho e biquei-lhe o cocuruto para parar. Quando contei para o Petrek o que havia acontecido eles grasnaram tanto de minha cara que quase botaram ovos, céus!, nunca mais venho por aquele rio. Senti calafrios. A outra vez em que salvei a vida dele, não tem três luas. Velozes, batíamos asas, ansiosos em encontrar algum lugar para dormir. Pato que conhece aquela região nos guiou à frente da rota. Em poucos instantes, reboaram da terra estouros que nos fez gritar assustados. Saímos do nosso fluxo seis vezes em pouquíssimos instantes por causa dos projéteis que zuniam da terra e fustigavam o ar num canto errôneo e lá estávamos em desespero, mas Pekpek viajara apenas entre a área das árvores afastadas até os pastos lá na nossa terra. Jamais estaria apto a desviar dos tiros, então tive que ajudá-lo: Fugitivos de um cano de ferro, esferas negras riscavam o céu procurando nos acertar. Constantemente tive que lançá-lo para baixo do fluxo para que sobrevivesse e é por isso que estou exausto.
Gostaria de contar mais da viagem. Na verdade gostaria de contar como fora minha aventura inteira desde os campos, que agora, imagino, estão gélidos e esbranquiçados como a minha pluma. Mas agora o jantar está posto e não posso continuar contando-lhes o que houve quando Pert e eu sobrevoamos as áreas montanhosas e nos deparamos com Águiamenor, a tirana. Muito embora fosse má, vi através dos olhos de conta dele que se apaixonaram. Mas agora devo ir-me realmente se não Pert surta e desmaia para Urubus, já pensou se isso acontecesse?
Não quero nem pensar...
A Aventura que fique na memória e acho que vou gravá-la bem para contar para o meu velho avô Bicodepedra como foi. Deve ser bom lembrar-se dos antigos tempos. Acho que é a mesma sensação de voar com penas renovadas após um banho sob um lago cristalino e verde, no verão, é claro.

E assim, foi uma viagem dos seres cujo sonhamos ser por apenas um instante: Pássaros. Onde não se tem fim, ou meio ou começo.
E é tudo que tenho para narrar-lhes

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Um comentário:

  1. Lá vem o pato, pata aqui pata acolá!

    Voar como os pássaros. Sensação de liberdade que os humanos jamais terão.


    http://bequisblog.blogspot.com

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