segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Ohayou!

 Com olhos semicerrados observando através da pequena janela acima do tatami, viu o novo sol oriental recém suspenso no céu mareado. Levantou-se à custo esfregando o rosto amaçado ainda sentindo o corpo que achava que estivesse deitado. Um bocejo ficou no ar com o bafo adormecido e ele caminhou com os pés descalços ao banheiro para lavar o rosto. Fitou-se no espelho e deu um sorriso forçado, como se posasse para uma foto, delineando os olhos puxados. Desgrenhou os cabelos negros com água sentindo fruir o tato gélido despertador. O aroma de gohan embreagáva-o à ponto de despontar água de sua boca, como faz o riacho com fios da água mais pura. Secou o rosto e caminhou pelo chão frio em busca da comida.
- Ohayou Gozaimasu - dissera sua mãe sentada à ponta duma meseta baixa.
- Ohayou - respondera ajoelhando-se diante da mesa.
Escutou os estalidos, retinidos e o vozerio do lado de fora de sua casa enquanto servia-se para o café da manhã. Retirou um pauzinho do lado de sua tigela e partiu-o em dois hashis, que antes de serem colocados no gohan, este fora agradecido:- Itadakimasu!
A comida invadiu-lhe a boca como faz a chuva em seca, salgado revigorando-o. Fitou sua mãe assistindo-lhe e continuou comendo.
Momentos depois, sua mãe ficou ao pé da montanha na entrada do vilarejo vendo-o diminuir conforme avançava correndo, perpassando entre o vento invisível sentindo o cheiro da dura terra do chão e se esforçando para passar pelo carroceiro cujo chapéu cobria-lhe o rosto. E assim, foi uma manhã oriental na qual não se tem fim, ou meio ou começo.
E é tudo que tenho para narrar-lhes

Leia também: 


  • http://letrarlhetu.blogspot.com/2011/02/ohayou.html
  • http://letrarlhetu.blogspot.com/2011/03/genios.html
  • http://letrarlhetu.blogspot.com/2011/03/pena.html

Nenhum comentário:

Postar um comentário